ProUni e EaD formam combo para agradar os privatistas

Para a professora Madalena Guasco, a situação se agrava agora, distorcendo os programas e fazendo-os meramente meios de satisfazer o apetite por lucro das empresas de educação

O Programa Universidade Para Todos (ProUni) foi criado em 2004, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o intuito de oferecer bolsas de estudo integrais e parciais em instituições privadas de educação superior a estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou de escolas particulares nas quais tenham estudado como bolsistas integrais.

Nestes 15 anos, é inegável que o programa, no pacote de políticas educacionais emergenciais criadas e/ou aprimoradas durante os governos progressistas de Lula e Dilma Rousseff (incluem-se nisso as cotas raciais e sociais nas universidades públicas, bem como o Fundo de Financiamento Estudantil — Fies e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego — Pronatec), contribuiu significativamente para a formação dos trabalhadores e dos filhos da classe trabalhadora, dando-lhes condições de acesso a níveis de ensino que, antes, eram-lhes muitas vezes negados.

Por outro lado, desde o início, apontamos, na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee, o quanto o ProUni, assim como o Fies e o Pronatec, também colaborou, negativamente, para a consolidação do setor privado como propulsor do ensino superior.

É claro que essa realidade não foi inaugurada pelo ProUni. A expansão do ensino superior no Brasil tem tido como base um modelo marcado pelo predomínio dos interesses privados mercantis, que desafiam a regulação estatal de caráter público e a própria formação universitária. O que acontece é que, conforme sistematicamente apontado pela Contee, se a mercantilização do ensino já era uma realidade da política neoliberal dos anos 1990, desde 2005 a educação superior também sofre com a abertura do capital de empresas de educação na bolsa de valores, num crescente processo de financeirização e desnacionalização.

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