Professor transforma aprendizado de alunos usando Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial transformou o aprendizado dos alunos do 7º e 8º ano do ensino fundamental 2 do Colégio Católica de Brasília. Faz cinco anos que o professor de geografia Bruno Cardoso Silva, 40 anos, usa conhecimentos geográficos on-line com tablets, óculos de realidade virtual, computadores e celulares e projeção em 3D em suas aulas. Os estudantes são estimulados a criar avatares (bonecos) e são utilizados trechos de filmes para contextualizar o conteúdo.

O resultado é um maior interesse por parte dos alunos e até, melhora das notas. Uma das alunas que sentiu diferença no modelo de ensino é Esther Rodrigues da Silva, 14 anos, do 8º ano. Para ela, aliar a teoria com a prática é sinônimo de diversão. A jovem reconhece que não compreendia muito bem os conteúdos de geografia até começar a participar das aulas do professor Bruno. “Como a internet está muito presente na nossa vida, facilita muito para o nosso aprendizado. Antes, só tinha papel e caderno, o que não é uma coisa tão emocionante”, opina.

Esther conta que pretende cursar medicina e, na universidade, quer colocar em prática os ensinamentos do mundo virtual. “A gente começou com o Minecraft Education, que foi a aula que fiquei mais animada, porque é um jogo que mexo no dia a dia e podemos usar como ferramenta de estudo. Estávamos reconstruindo os mundos, por exemplo, aprendendo sobre a Segunda Guerra Mundial”, detalha a estudante.

As turmas participam do Minecraft Education, um jogo de bonecos que constrói ferramentas e edificações para sobreviverem aos ataques de monstros. Nas aulas do professor Bruno, os alunos focam em reconstruir mundos utilizando os conteúdos de geografia. “A partir do momento que a gente começa a aprender com a internet, entende que é importante em alguns aspectos, mas também não é uma coisa que tem que ficar grudada o dia todo”, analisa Valentina Sousa Moura, 12, aluna do 7º ano.

Ela brinca que antes de ter aulas da disciplina com o professor Bruno, se esforçava nos estudos e tirava notas oito ou nove. Agora, ela fica com nove ou 10, evolução que credita ao método do professor Bruno que, segundo ela, facilita a memorização da disciplina. “É importante para o aprendizado a interação com a tecnologia, que ajuda bastante a compreender o mundo. Mudei a minha visão sobre a geografia que eu não entendia muito bem somente com aulas teóricas. Por isso, é importante ter a interação da tecnologia e não ficar somente no papel e na caneta”, comenta a aluna.

Especialização

Para despertar esse reconhecimento dos estudantes, Bruno Cardoso, 40, fez um curso sobre as Novas Tecnologias com a Agência de Inovação Tecnológica (AIT), oferecido pela escola. O professor decidiu se especializar porque, depois da pandemia de covid-19, percebeu que os alunos estavam ansiosos e sentiu que precisava inovar no ensino. “Criei algo que pudesse estimular os alunos a terem atenção com dispositivos e serem os próprios protagonistas das minhas aulas com a socialização de ideias”, explica.

Ao longo da semana, Bruno ensina o conteúdo em três aulas teóricas por turma até levar os jovens à Sala de Multilinguagem ou Inovativa para estimular o aprendizado deles em espaços virtuais. São tratados temas como urbanização, desigualdade social, sustentabilidade e guerras, programados por aplicativo. Os alunos conseguem colocar o tema do conteúdo e animar os desenhos que produzem. “As minhas aulas são informatizadas e os alunos, com esse universo tecnológico, ficam mais interessados em participar”, afirma.

Professor da faculdade de Educação da UnB, Ricardo Praciano afirma que, se bem dosada e usada como suporte adicional às aulas, a inteligência artificial pode ser produtiva. “Os alunos podem usá-la um pouco na hora do lazer, mas não se dedicar exclusivamente a ela como algo permanente porque o jovem necessita de interação social, de diálogo olho no olho, apreciar a natureza não só pela tela do celular, mas a olho nu”, pondera.

Com as tecnologias, Praciano acredita que esse engajamento prático é significativo para algumas pessoas que aprendem com aulas mais interativas. Ele cita o neto, de 10 anos, que também recebe educação com recursos digitais e tem o aprendizado rápido, o que exige cuidados, na visão do docente. “Aquela máxima de que tudo em excesso pode fazer mal cabe neste contexto. Se não forem dosadas, essas aulas podem trazer algum condicionamento ruim pela falta de sociabilidade ou pela questão postural”, analisa o especialista.

Leia a Matéria completa no site do Correio Braziliense