Mais de 90 profissionais da educação à distância foram demitidos hoje da rede que é dona da FMU e Anhembi Morumbi; há quinze dias nossa reportagem denunciou uso de robôs no lugar dos docentes
Nesta quarta-feira, 13 de maio, segundo informações recebidas pela reportagem, ao menos 90 profissionais já foram demitidos do grupo Laureate. A maioria dos demitidos é professor dos cursos à distância do grupo, dono de universidades como Anhembi Morumbi, FMU e outras nove universidades pelo país. O quadro de professores de EAD, segundo apurou a reportagem, é de pouco mais de uma centena de docentes. Ou seja: a demissão afetou a maioria deles. Segundo os professores, todos os professores EAD serão desligados, informação também confirmada pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP). A Laureate confirmou à Pública as demissões. “Os professores desligados trabalhavam exclusivamente com as disciplinas on-line e, a partir de agora, o objetivo é que os docentes das instituições atuem em ambas as modalidades de ensino”.
Silvana e Lorena* são duas das docentes de EAD demitidas — e que foram orientadas a omitir dos alunos o uso de robôs nas correções. Ainda sob o impacto da demissão em meio a pandemia de coronavírus, elas conversaram com a reportagem. “Me falaram que não existirá mais a figura do professor online”, conta Lorena.
O motivo alegado, segundo elas, não foi a competência profissional. “Falaram que estão reestruturando tudo”, diz Lorena, demitida numa videochamada com a presença de um coordenador e de um membro do RH da Laureate. No entanto, pouco mais de 12 horas antes das demissões, o grupo Laureate anunciou vagas para a contratação de professores online na rede LinkedIn, o que contradiz a informação repassada aos docentes demitidos.
Segundo os professores entrevistados, eles serão substituídos pela figura de um “profissional monitor”, que não tem a mesma formação de um professor e que ficará dedicado a tirar dúvidas que não envolvem conteúdos das disciplinas. “Uma espécie de operador de chat para tirar dúvidas gerais”, resume Jonas, que reforça que os uso de inteligência artificial para atividades dissertativas segue em funcionamento. (Agência de Jornalismo Investigativo)