Quando se pensa na jornada dupla ― e até tripla ― das mulheres, pressupõe-se que, para a construção de uma sociedade mais justa, qualquer projeto que as envolva deva levar em consideração essa questão. Porém, não é o que propõe a reforma da Previdência de Bolsonaro (PEC 006/2019), que ignora as injustiças laborais e estabelece ao grupo regras mais rigorosas para concessão da aposentadoria.
Diante disso, mulheres de todos os segmentos sociais, trabalhadoras do campo e da cidade se uniram em grande ato no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, nesta quinta (11).
“São mulheres dos quatro cantos desse país, que não aceitam a crueldade dessa reforma que vai atingir o conjunto da classe trabalhadora, principalmente, as mulheres. Nós, da CUT, reafirmamos que não aceitaremos nenhuma retirada de direito e estaremos na luta”, disse a vice-presidenta da CUT Brasília, Meg Guimarães.
O ato iniciou com a exibição de um vídeo, em que mulheres de várias categorias destacavam suas preocupações diante da medida e ressaltavam a necessidade de mobilização.
“Viemos aqui para dizer um grande sim à aposentadoria das mulheres e não à PEC 006. Compreendemos que, por sermos as mais atingidas, necessitamos estar em constante mobilização, seja aqui na Câmara, ou nas ruas. Unidas venceremos”, avaliou a secretária de Mulheres da CUT Brasília, Sônia de Queiroz.
A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), destacou que a reforma é extremamente danosa a toda a população, porém, com danos mais graves às mulheres. “É uma reforma misógina, excludente, e que discrimina, principalmente, as negras e as pobres”, afirmou.
De fato, a proposta do presidente é bastante preocupante para o grupo. De acordo com nota elaborada pela Assessoria Técnica da Liderança da Minoria da Câmara dos Deputados, a mulher trabalha nove horas a mais que os homens. Esse fator não é levado em consideração na PEC.
Atualmente, a idade mínima para acesso ao beneficio é de 60 anos para trabalhadoras urbanas e 55 para as rurais. Pela proposta, ela será elevada para 62 e 60 anos, respectivamente. Além disso, o tempo de contribuição estende de 15 para 20 anos. Esse período, no entanto, não garante o valor integral da aposentadoria. Para receber 100%, será necessário contribuir por 40 anos.
“Um dia, não queriam que tivéssemos direito ao voto. Nós fomos à luta e conquistamos. Não queriam que tivéssemos o direito de usar a caneta, os microfones. Mais, uma vez, conquistamos. Agora, querem tirar o direito à aposentadoria, o direito à dignidade, e não vamos aceitar. Temos direito a uma aposentadoria com tempo diferenciado. Seguiremos unidas. Uma puxa a outra, e ninguém larga a mão de ninguém”, finalizou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).
Fonte: CUT Brasília