No dia 7 de julho de 1978, mulheres negras e homens negros, uma maioria de jovens, ocuparam as escadarias do Teatro Municipal de São Paulo no que seria a primeira manifestação pública do Movimento Negro Unificado (MNU), organização fundada pouco antes, em 18 de junho do mesmo ano, que reuniu coletivos e entidades que, em comum, denunciavam a violência policial, a democracia racial como farsa e que o racismo estrutura as relações sociais no Brasil.
Desde então, o MNU tem sido fundamental no combate ao racismo e na luta por igualdade e justiça social em todo o país. Reunir memórias sobre esse percurso é a proposta do livro “Movimento Negro Unificado: a resistência nas ruas”, organizado por Ennio Brauns, Gevanilda Santos e José Adão de Oliveira, e coeditado por Fundação Perseu Abramo e Edições Sesc.
O livro é composto por registros fotográficos, testemunhos, manifestos e ensaios históricos que possibilitam percorrer a rica história de luta do movimento. As fotografias foram registradas por Ari Cândido, Ennio Brauns, Jesus Carlos, Joca Duarte, Juvenal Pereira, Luiz Paulo Lima, Rosa Gauditano, Samuel Tosta e Wagner Celestino. Além dos organizadores, assinam os textos Claudete Gomes Soares, Esmeralda Ribeiro, Fábio Nogueira de Oliveira, Flavio Carrança, Flávio Jorge Rodrigues da Silva, Ieda Leal, Luiz Fernando Costa de Andrade, Janaina Rocha, Joana Ferreira da Silva, Lélia Gonzalez, Lenny Blue de Oliveira, Márcio Barbosa, Maria Inês da Silva, Milton Barbosa, Mirella Domenich, Neusa Maria Pereira, Patricia Casseano, Paulo Rafael da Silva, Paulo Ramos e Rafael Pinto.
Dividido em duas partes, o livro inicialmente historiciza a fundação do movimento, apresentando antecedentes, informações sobre o contexto em que a luta se dava e depoimentos de alguns dos fundadores do MNU. A segunda parte do livro discute o desenrolar da história do movimento e a contemporaneidade da luta. As fotografias aparecem por toda a publicação, construindo uma narrativa visual que acompanha os temas e a cronologia dos textos escritos, compondo um rico projeto editorial.
Clique aqui e acesse trechos do livro.
Atividades de lançamento
Para marcar o lançamento do livro, serão realizadas três rodas de conversa, transmitidas ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, página no Facebook e perfil no Twitter. Confira a programação:
25/11 | 16h | Lançamento do livro “Movimento Negro Unificado: a resistência nas ruas”
Com Ennio Brauns, Gevanilda Santos e José Adão de Oliveira. Mediação de José Evaristo Silvério Netto.
26/11 | 16h | A memória do Movimento Negro Unificado
Autores de textos publicados no livro “Movimento Negro Unificado: a resistência nas ruas” falarão sobre sua participação no projeto que gerou o livro. A partir de algumas fotos publicadas, Ennio Brauns, Gevanilda Santos e José Adão de Oliveira, organizadores do livro, falarão sobre memórias de luta do movimento.
27/11 | 16h | A atualidade da luta do Movimento Negro Unificado
Debate sobre a atualidade da agenda do MNU e sua relação com organizações e movimentos contemporâneos, com:
– Ieda Leal, coordenadora nacional do MNU;
– Milton Barbosa, coordenador de honra do MNU.
Comentários de:
– Kiusam de Oliveira, doutora em Educação e mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP, produtora cultural, artista multimídia, bailarina e coreógrafa;
– Marcos Antônio Cardoso, graduado em Filosofia e mestre em História pela UFMG, é autor do livro “O movimento negro em Belo Horizonte: 1978-1998” e milita no MNU em Minas Gerais;
Mediação de Elen Coutinho, economista e diretora da Fundação Perseu Abramo.
Sobre os organizadores:
Ennio Brauns é jornalista e fotógrafo autodidata. Natural do Rio de Janeiro, deixou a Escola de Teatro da UniRio em 1977 para trabalhar como repórter no jornal O Globo. No ano seguinte, transferiu-se para São Paulo para trabalhar como fotojornalista. Como fotógrafo documentarista, nos últimos 20 anos vem desenvolvendo projetos nas áreas da sociologia, antropologia, arquitetura e urbanismo.
Gevanilda Santos graduou-se em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) na década de 1980. Em 1991, defendeu mestrado em Sociologia Política na mesma instituição. É professora universitária aposentada, atualmente dedicando-se a pesquisas sobre as desigualdades sociorraciais brasileiras. Com diversos livros publicados, é membro da diretoria da Soweto Organização Negra, entidade paulista filiada à Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
José Adão de Oliveira fez parte de grupos de resistência católica nos anos 1970, dentre eles Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz, coordenada por Dom Paulo Evaristo Arns. Foi integrante da organização política Liga Operária (LO) desde sua fundação em 1974. Participou do grupo de estudantes secundaristas Alicerce, que se articulava com o movimento estudantil universitário, participando de atividades políticas na PUC e na USP, e de lá se transferiu para o Núcleo Negro Socialista. Em 1978 participou da constituição do Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial. Em 2008, foi indicado pelo MNU como representante da entidade na Comissão Organizadora do Processo de Construção do Plano Municipal de Educação de São Paulo. Em 2013, em nome do MNU, foi membro cofundador do Fórum Municipal de Educação de São Paulo, onde atua até o presente momento.
Fonte: Portal SESC